Nasce a manhã nesta selva de betão
as ruas cobertas de neblina cinzenta
as sombras retomam o cenário habitual
fundem-se em cores de mágoa barrenta
Este sonho cheio de vida vazia
atravessa o tempo num remorso sem fim
as horas custam tanto a passar
fazem-me perder mais um pouco de mim
Já nem sei bem onde estou
se esta estranha vontade ainda é minha
apenas o ruído desta velha cidade
não deixa a minha alma sozinha
Perco-me no pensamento desconcertante
através de um olhar que sangra ferido
sempre na espera de acordar noutro dia
ansioso por um futuro que se quer apetecido
E a noite trás as ruas cruas e desertas
assombrando-me assim os sentidos
o desencanto está sempre tão perto
repleto de sonhos há muito vencidos
( 25.02.2009 )
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